
O atleta Robson Rocha Costa, de 23 anos, que morreu neste domingo depois de sofrer um grave ferimento numa partida de futsal no interior do Paraná, iria assinar contrato por cinco temporadas com um clube japonês em julho deste ano. Em seguida, levaria a noiva para morar com ele em Tóquio, cidade do clube. Depois de cinco anos, iria casar e comprar um apartamento em Guarapuava.
Robson, que atuava pelo Clube Atlético Deportivo, se feriu ao dar um carrinho numa disputa de bola contra o Palmeiras Jundiaí, em partida válida pelo torneio Guarapuava 200 Anos, disputada neste sábado, no ginásio Joaquim Prestes. Um pedaço do piso de madeira se soltou da quadra e perfurou a perna do jogador, atingindo o intestino.
Ele foi levado ao Hospital São Vicente, mas não resistiu ao ferimento e morreu no dia seguinte, com hemorragia interna. O jogador foi enterrado nesta segunda-feira pela manhã em Foz do Iguaçu, onde nasceu. O corpo dele foi sepultado no Cemitério Parque Iguaçu, diante da presença de amigos e familiares.
Robson, que conquistou o título brasileiro sub-17 com a seleção paranaense em 2004, já atuou do outro lado do mundo. Ele passou nove meses no futsal do Japão e retornou em abril do ano passado. Além da bagagem, também trouxe dois jogadores japoneses para um estágio de três meses em Guarapuava. (Clique aqui para ver fotos do atleta atuando pelo Guarapuava, cedidas pelo Blog Cliqueesporte à UOL).
Em estado de choque por causa da perda do filho, a educadora Santa Marli Costa, de 51 anos, ainda lembrava da última conversa com o filho, pelo telefone, antes do começo do jogo. "Eu sempre falava com ele antes dos jogos, para abençoá-lo. Era um hábito que a gente tinha", disse, pouco depois do enterro do filho. "Liguei pra desejar boa sorte e disse: 'Te amo, filho'. Aí, ele disse: 'Também amo muito você, mãe'. Depois, disse que precisava desligar porque o jogo iria começar. É uma das lembranças que eu vou guardar dele".
Lembranças da paixão pelo futebol.
A última vez que Robson falou com os pais pessoalmente foi no fim de fevereiro. Ele visitou a família em Foz do Iguaçu junto com a noiva, porque o seu pai estava de aniversário. Na ocasião, ele estava feliz porque iria voltar a frequentar o curso de Educação Física. "Ele me disse, todo orgulhoso, que eu iria ter um filho formado", relembrou Santa Marli.
Robson também gostava de pescar num açude em São Miguel do Iguaçu, cidade onde conheceu a noiva. Dizia que a pescaria o acalmava. Mas as lembranças da mãe estão todas ligadas à paixão do filho por futebol, que influenciou o irmão mais novo, de 12 anos, que é goleiro de um time de futsal em Foz do Iguaçu.
Ela não esquece dos tempos em que ele começou a jogar futsal no Flamenguinho, de Foz do Iguaçu, com apenas 4 anos. E lembra, como se fosse hoje, da primeira vez que o filho viajou com o clube para um torneio em outra cidade. Ela ainda se recorda daquele menino de 9 anos, que se esforçava para arrastar a mala pelo chão. Mas abriu o sorriso quando viu a mãe, que o esperava de braços abertos. Orgulhoso, Robson ergueu a medalha para exibir a sua primeira conquista.
Talvez a alegria para mostrar as medalhas servisse para justificar as vezes em que pedia para a mãe assinar a liberação da escola. Era o único jeito de não perder os treinos no clube. "Ele nunca faltou um treino. Era o amor que ele tinha pelo futebol", explicou a mãe.
Aliás, a paixão pelo futebol contagiou Santa Marli, que montou um quadro com as 65 medalhas conquistadas pelo filho. Quando sabia que ele iria visitá-la, ela pendurava o quadro no seu quarto. No momento em que Robson se despedia e deixava a casa dos pais, o quadro voltava para o seu lugar, na sala da casa da família, onde as medalhas reluziam para que todos olhassem as conquistas do filho.
Hoje, a mãe de Robson tem apenas uma certeza: o quadro com as medalhas dele não devem mais sair do lugar.
Difícil achar culpados.
O enterro do jogador de futsal Robson Rocha Costa ocorreu nesta segunda-feira, em Foz do Iguaçu, e foi cercado de comoção. Com a presença dos companheiros do Clube Atlético Deportivo, dirigentes e familiares, a morte do jovem de 23 anos foi lamentada e vista como “fatalidade”. A Polícia Civil de Guarapuava, cidade do interior do Paraná, promete investigar quais foram as circunstâncias que levaram o jogador à morte durante jogo realizado no último sábado, no Ginásio Joaquim Prestes.
Entretanto, a delegada Maria Nysa Moreira Nanni adianta que dificilmente alguém será responsabilizado. A Federação Paranaense de Futebol de Salão (FPFS) estuda adiar a estreia da equipe no campeonato estadual. O time tem jogo marcado contra o Paraná para o próximo sábado, no ginásio onde ocorreu o acidente.
O corpo de Robson foi enterrado no cemitério Parque Iguaçu e as despesas da cerimônia foram todas custeadas pelo clube de Guarapuava. A cidade onde o jogador atuava já havia feito uma homenagem ao jogador, que foi transferido no domingo para Foz do Iguaçu, cidade natal e de todos os seus familiares.
“Foi feita uma homenagem ao jogador pelo povo em Guarapuava, que ficou muito triste com a notícia. Todos os jogadores autografaram uma camisa e deram para a mãe dele como forma de lembrar a passagem do jogador pela cidade”, comentou o supervisor do Guarapuava Deportivo, José Valter Liberato. “Todos estão muito tristes e emocionados”, completou o dirigente, que acompanhou o enterro do atleta.
Entenda a tragédia com o Jogador de Futsal.
Aos três minutos da partida entre Guarapuava Deportivo e Palmeiras/Jundiaí-SP, realizada no último sábado, Robson deu um carrinho na linha de fundo. No movimento, um pedaço do piso se soltou, perfurando o corpo do jogador. A madeira, com cerca de 30 centímetros, se rompeu em três partes dentro do corpo do atleta, chegando aos órgãos vitais e causou hemorragia interna.
Ele foi atendido rapidamente e chegou consciente ao Hospital São Vicente, mas foi perdendo os sentidos aos poucos. Ele foi operado, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no início da manhã de domingo.
Segundo Liberato, a família do jogador está recebendo respaldo do clube. “Viemos a Foz do Iguaçu com comissão técnica e alguns jogadores, que estão muito abalados. Todos estão dando apoio, mas foi muito chocante, justamente pela forma que tudo aconteceu”, destaca o supervisor, que vê o caso como “fatalidade”.
“São coisas que acontecem e não temos como evitar”, limitou-se a dizer Liberato quando questionado sobre o estado de conservação da quadra. Santa Marli Costa, mãe de Robson, concorda com o termo usado pelo Guarapuava Deportivo. “Foi uma fatalidade. Ele era apaixonado pelo esporte e, infelizmente, aconteceu”, comentou.
A possibilidade de alguém ser responsabilizado pela morte do jogador de futsal é remota, segundo avaliação da delegada da Polícia Civil de Guarapuava, Maria Nysa Moreira Nanni. Em declaração ao telejornal Paraná TV- 1ª Edição, da RPCTV , a delegada disse não ver "nexo" entre o estado da quadra e a morte do jogador: “Responsabilização criminal, pelas nossas análises, é bem remota. Fazendo uma análise sobre a conservação do piso e a morte do rapaz, a gente não encontra um nexo”, declarou.
Fonte: UOL Esporte
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