Elenco inciou pré-temporada com promessa de ser tão competitivo quanto o do ano passado.
Sempre é difícil comparar elencos de futsal ou futebol. Mesmo porque, muitas vezes, as aparências podem enganar: times que parecem fantásticos no papel podem não dar certo na prática (lembram do ataque dos sonhos do Flamengo, nos anos 90, formado por Romário Edmundo e Sávio?) Por outro lado, não é tão incomum ver times considerados modestos chegarem longe nas competições (como o Concórdia Futsal, que chegou na final da Liga Futsal de 2013).
Tendo a imprevisibilidade em vista, tentaremos fazer um apanhado geral dos elencos do Poker/CAD/Guarapuava Futsal nas temporadas de 2014 e 2015 e tentar jogar um pouco de luz à questão que muitos torcedores guarapuavanos estão fazendo neste momento: “este time é melhor ou pior que o do ano passado?”
Como melhor e pior são conceitos discutíveis, tentaremos fazer uma análise baseada nas informações sobre os desempenhos e resultados dos atletas e comissão técnica. Também é importante levar em conta que surpresas podem acontecer no decorrer a temporada, com jogadores rendendo mais ou menos do que o esperado. Um exemplo foi o goleiro Ale Falcone, que chegou em 2014 como terceira opção e terminou a temporada como titular absoluto.
Treinador
O técnico João Carlos Barbosa (o Banana) é a principal modificação em relação ao ano passado, já que, devido a esta mudança, é muito provável que a equipe modifique sua maneira de jogar. Apesar de ser experiente e muito conceituado no meio do futsal, o novo treinador chega com uma missão difícil: a de substituir Eduardo Pacheco Coelho (o Baiano), que ganhou dois estaduais por Guarapuava e conduziu o clube a sua melhor classificação na Liga Futsal, na temporada passada. Apesar desta dificuldade, Banana se diz pronto para encarar o desafio.
O novo técnico não adota o estilo 'paizão', como Baiano, mas costuma 'jogar junto' com sua equipe, sempre em pé no banco de reservas. Segundo informações, Banana sempre cobrou muita dedicação dos atletas nos treinos táticos, com ênfase nas bolas paradas e nas repetições das jogadas: “Vamos tentar implantar aqui o sistema de marcação-limite, claro, fazendo com que todos os atletas consigam adaptar esta situação, aproveitando as coisas boas já existentes dentro do nosso grupo,” afirmou o técnico no dia de sua apresentação em Guarapuava.
Durante a apresentação, a diretoria do CAD enfatizou que tem total confiança na metodologia de trabalho do novo treinador. Assim, Banana chega com carta branca para organizar a equipe a seu modo e implantar sua filosofia de trabalho.
Quantidade de atletas
A equipe de Guarapuava terminou 2014 com 20 jogadores à disposição (sendo 17 de linha). Neste ano, o grupo é mais enxuto, com 18 atletas (14 de linha). No entanto, é preciso fazer algumas ressalvas: o ala Danilo Baron e Guto (que substituiu o goleiro Nando) chegaram só no segundo semestre de 2014. Simi Saiotti (que teve problemas com sua liberação internacional) só pode jogar a partir do mês de maio. E lesões, como a de Marquinhos (que não jogou do mês de agosto até o fim do ano), também diminuíram o número de atletas à disposição, no decorrer da temporada passada.
Assim, é provável que a diretoria ainda busque algum(ns) reforço(s) depois que se encerrarem as competições no exterior. No momento, o mercado se mostra com poucas opções, mas boas oportunidades podem surgir a partir dos meses de abril e maio, quando surgem jogadores interessados em regressar ao Brasil.
Outra medida que pode ser tomada, no decorrer do ano, é a promoção de atletas das categorias de base. Segundo informações, o técnico Banana vai observar os jogadores sub 20 que estão à disposição e, caso haja interesse, alguns podem ser integrados à categoria adulto (neste caso, substituiriam jogadores como Harry e Alan, que não tiveram seus contratos renovados para 2015).
Estilo de jogo
Mais do que nomes, a mudança mais profunda na equipe de Guarapuava deverá ser no estilo de jogo. Enquanto Baiano montou um time rápido, versátil e de muita força ofensiva, o técnico Banana deve tentar dar maior sustentação ao setor defensivo, tentando não perder as virtudes apresentadas pelo time de 2014.
Assim a expectativa é de um time mais equilibrado entre defesa e ataque. Vale lembrar que, no ano passado, a equipe terminou a temporada com um resultado histórico, ao golear o Cascavel Futsal por 7x2, na decisão da Chave Ouro, mas também foi goleado pela Intelli/Orlândia-SP por 6x0, na segunda partida das quartas de final da Liga Futsal. Assim, o objetivo é de que o time oscile menos, com maior equilíbrio em quadra.
Especialistas
Outra mudança no estilo de jogo é que, neste ano, o elenco terá um número menor de jogadores que atuam em mais de uma posição. No ataque, por exemplo, o único pivô de referência era André Maluko (Bruno Petry, Marquinhos, Simi e Felipinho também desempenhavam a função, mas também podiam ser utilizados nas alas). Agora o CAD conta outro pivô de referência (Mauricinho), enquanto o número de pivôs/alas é menor.
Já na defesa, as chegadas dos fixos Régis e Matheus também deixam a posição com jogadores mais 'especializados' em relação ao time de 2014.
Goleiros-artilheiros
Uma mudança que logo deverá ser percebida pelos torcedores, será na posição de goleiro. É o setor que mais teve mudanças, pois o clube não renovou com nenhum dos atletas do ano passado (Ale Falcone, Danilo e Guto). Os substitutos são Roncaglio, Marcão, Pardal e Vitor Schimelin, que chegam com moral, depois de fazerem boas temporadas em seus ex-clubes.
O goleiro principal deve ser Roncaglio, que foi eleito como melhor goleiro da Liga Futsal do ano passado e revelação do campeonato. Além de se destacar debaixo das traves, o que chama a atenção é o número de gols marcados pelo arqueiro: foram 9 só na Liga Futsal (artilheiro do time de Blumenau-SC no certame nacional).
Mas Roncaglio não será o único goleiro-artilheiro do grupo. Segundo informações da assessoria do CAD, os demais goleiros contratados também possuem este estilo de subir ao ataque e chutar bem de longa distância. Marcão, ex-Rio do Sul-SC, por exemplo, já marcou gol até no CAD. Foi na disputa da Liga Sul de 2011, quando o atleta defendia a equipe do Moitas-SC.
Este chutes de média e longa distância, inclusive, devem ser uma arma forte da equipe guarapuavana em 2015. Além dos goleiros, jogadores de linha, como Régis, Vitor e Diego Fávero podem ser acionados para chutar contra as defesas adversárias.
Comparativo por posições
Depois da análise sobre o estilo de jogo, tentaremos analisar os elencos por posição, (sempre lembrando o grau de imprevisibilidade, que pode variar de atleta para atleta).
Goleiros
Esta talvez seja a posição onde o nível de imprevisão é maior. Basta lembrar que, no ano passado, o experiente Danilo chegou como titular absoluto, mas depois de uma lesão não conseguiu mais superar o surpreendente Ale Falcone. Neste ano, Roncaglio sai na frente, principalmente pelos títulos na Liga Futsal, mas tudo pode acontecer.
A princípio, a posição parece um pouco mais forte do que ano passado, principalmente pela questão dos goleiros trabalharem muito bem com os pés. A expectativa de evolução é muito boa, mas só o tempo dirá se esta previsão vai se confirmar.
Fixos
Na defesa, saem PH (que encerrou a carreira como jogador e agora trabalha como auxiliar na comissão técnica) e Biro (que vai defender a equipe de Ponta Grossa). Chegaram o experiente Regis (ex-Blumenau-SC, Maringá e Petrópolis-RJ) e o jovem Matheus (ex-Vento em Popa). Vitor, que continua na equipe, completa a posição de fixo.
O interessante é que o setor defensivo vai ganhar, ao mesmo tempo, experiência e vitalidade. Régis possui muita consistência tática, é um líder nato e também marca gols (foram 4 na última Liga Futsal). Já Matheus, de apenas 21 anos, tem muita presença física. Desta forma, a tendência é que o setor defensivo fique melhor guarnecido do que em 2014.
Alas
Nas alas, o número de jogadores é menor que no ano passado (número que aumentar no decorrer da temporada, como vimos anteriormente). O desafio será o de repetir o ótimo desempenho dos jogadores que saíram: Danilo Baron e Jamur, que se tornaram peças fundamentais na equipe (Jamur, inclusive, foi considerado o melhor ala esquerdo da última Liga Futsal). Caberá a Diece e Bynho (que se juntam a Adeírton, Deivão, Diego Fávero, Giovanni, Felipinho e Bisqui) a tarefa de substituir à altura estes jogadores.
A principal mudança, mais uma vez, será no estilo, já que, tanto Diece quanto Bynho, se destacam pela velocidade e habilidade. São jogadores que vão pra cima das defesas adversárias, com dribles e agilidade. A principal diferença entre os dois é que Diece (28 anos) é um jogador já consagrado, com experiência no exterior com várias convocações para a Seleção Brasileira. A expectativa é que Diece chame a responsabilidade e se torne um dos destaques do time. Já o jovem Bynho (22 anos) ainda busca seu espaço no cenário do futsal nacional, mas vale ressaltar, que se trata de um jogador de confiança do técnico Banana, sendo o único que veio do Floripa Futsal, junto com o treinador.
Considerando que seis jogadores continuam na posição, esta transição (de Jamur e Danilo Baron, para Diece e Bynho) tem grandes chances de se bem sucedida e render bons frutos no decorrer da temporada.
Pivôs
No ataque, mais uma vez, o número de atletas à disposição é menor de que 2015. A novidade é Mauricinho, que substitui Marquinhos e Simi Saiotti. Completam a posição, André Maluko e Bruno Petry.
Na reposição, não deverá haver problemas, muito pelo contrário: pois Mauricinho já demonstrou que é um jogador de nível muito elevado, artilheiro por onde passou e campeão da última Liga Futsal pelo Futsal Brasil Kirin/Sorocaba-SP. É bem verdade que Simi e Marquinhos tiveram ótimos aproveitamentos em 2014, mas Mauricinho é capaz de desempenhar seu papel e suprir perfeitamente as ausências.
A principal diferença, mais uma vez, será no estilo de jogo. Como dito anteriormente, Mauricinho é um pivô de referência no ataque, assim como André Maluko, enquanto Simi e Marquinhos eram os pivôs de movimentação. Esta função (da movimentação) deverá ser desempenhada por Bruno Petry e, ocasionalmente, por Felipinho.
Conclusão
Dentro da realidade do CAD, a reposição de atletas foi muito boa. O desempenho dentro de quadra vai depender da adaptação dos jogadores à metodologia de trabalho do técnico Banana. Neste ponto, tanto os veteranos quanto novatos terão que se esforçar para que as peças se encaixem, para que a equipe continue com um rendimento igual ou superior ao do ano passado. Vale ficar atento ao mercado do exterior, para buscar algum(ns) reforço(s) para o segundo semestre, quando o paranaense e a Liga Futsal se afunilam e os jogos tendem a ficar mais difíceis.
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5.11.15
